Foto e Resenha Juliet Luft 

Título: Ligeiramente Perigosos  | Série: Os Bedwyns | Vol.06

Autora: Mary Balogh
Páginas: 304
Editora: Arqueiro |  Nota: ★★★★★ (5/5) 

SINOPSE:  Aos 35 anos, Wulfric Bedwyn, o recluso e frio duque de Bewcastle, está ávido por encontrar uma nova amante. Quando chega a Londres, os boatos que correm são os de que ele é tão reservado que nem a maior beldade seria capaz de capturar sua atenção. Durante o evento social mais badalado da temporada, uma dama desperta seu interesse: a única que não tinha essa intenção. Christine é impulsiva, independente e altiva – uma mulher totalmente inadequada para se tornar a companheira de um duque. Ao mesmo tempo, é linda e muito, muito atraente. Mas ela rejeita os galanteios de todos os pretendentes, pois ainda sofre para superar as circunstâncias pavorosas da perda do marido. No entanto, quando o lobo solitário do clã Bedwyn jura seduzi-la, alguma coisa estranha e maravilhosa acontece. Enquanto a atração dela pelo sisudo duque começa a se revelar irresistível, Wulfric descobre que, ao contrário do que sempre pensou, pode ser capaz de deixar o coração ditar o rumo de sua vida. Em “Ligeiramente perigosos”, o sexto e último livro da série Os Bedwyns, Mary Balogh conclui a saga desta encantadora família em uma trama repleta de cenas sensuais, tiradas espirituosas e personagens à frente de seu tempo. Ao unir um homem e uma mulher tão diferentes, ela mostra que o resultado só poderia ser um par perfeito..  




 O que falar do meu livro favorito da série Bedwyns inteira?

O que falar quando essa autora é uma das suas preferidas? Pois bem, parafraseando Émile Durkhein¹ um dos pais da sociologia, quando dizia que deveríamos nos despir de nossas paixões e atribuir ao objeto de pesquisa, tentarei fazê-lo.


O Duque de Bewcastle, Wulfric Bedwyn, recebe seu título atual depois da morte de seu pai aos 17 anos, e antes disso, já havia sido destituído do convívio com seus irmãos aos 12. De uma família aristocrática numerosa – com cinco irmãos e irmãs- e antiga, teve suas lições passadas a exaustão. Conhecido por seu perfil frio e distante leva a suas obrigações a sério com honra e punhos de ferro.

 Neste último livro da Série o que vemos é uma redescoberta do Duque por ele mesmo, uma vez que seus irmãos já estão todos casados e com suas vidas encaminhadas, ele se percebe sozinho e melancólico em sua residência ancestral: Lindsey Hall e em sua casa de Londres: Bedwyn House. É confrontado com esse sentimento que nunca experimentou, somado ao fato de ter perdido sua amante de anos, recentemente. 
 Ao receber um convite inesperado de uma festa no campo, resolve em um lapso impulsivo a aceitar e dar-se a chance de um pouco de diversão. A partir daí meus queridos, a vida do Duque começa realmente a mudar, e essas mudanças proporcionam a ele experiências totalmente inesperadas e impensadas diante a sua postura régia e fria. 


Era um homem extremamente poderoso e arrogante – e frio como gelo, ao menos era o que diziam. (...) o primeiro nome dele era Wulfric, que lembrava “wolf” – lobo em inglês. Que estranho e apropriado ao mesmo tempo.

 A nossa mocinha e heroína Christine Derrick, a viúva de um aristocrata falido entra neste contexto, quando aceita - a contra gosto- o convite de sua amiga para essa mesma festa. 
 A primeira interação dos dois é hilária, ri até não poder mais. Eu confesso que a capacidade da mocinha de atrair catástrofes é ENORME. Todas as situações inusitadas ela estará inserida, com toda certeza. A sucessão de encontros, desencontros e atitudes reprováveis pelos demais aristocratas, dão ao livro um quê de humor, uma leveza, que diante da fama e postura anteriores do mocinho, se não fossem tão bem construídas pela autora poderiam ter comprometido a obra, mas de maneira nenhuma isso acontece. A atração entre eles é uma delícia de se ler, pois há uma queda de braço de vontades entre eles, quando nenhum dos dois assume seus sentimentos. 

A crescente atração dos dois passa a nublar a razão de ambos, fazendo-os repensarem suas posturas e interesses. O diálogo entre os personagens são um deleite para os leitores, pois ambos são inteligentes e teimosos, e a disposição dos dois em negar a atração que estão experimentando, torna a dinâmica do livro ainda mais interessante. 


Os olhos costumam ser o ponto mais fraco em qualquer disfarce porque quem está disfarçado precisa ver o que acontece no mundo e acaba deixando-os expostos, não importa quanto todo o restante da pessoa possa estar coberto. Mas seus olhos são o seu disfarce, ou ao menos uma parte generosa dele. Não consigo ver nem mesmo um relance de sua alma ao mirá-los.

Ao mocinho eu atribuiria ainda à postura de herói, pois em inúmeras situações, ele se coloca como o salvador de Christine, mesmo que nessas ocasiões eles acabem em ridículo, e claro estas atitudes antes fossem impensadas de sua parte. A participação dos Bedwyns ao final da obra, é outro momento impagável, pois essa família leva suas características a sério, como um de seus membros afirma " todos juntos parecemos um pelotão de fuzilamento." Mary Balogh ainda nos brinda com um segredo intrigante que permeia a história, e ainda se faz peça chave para que possamos entender todo o enredo.

Portanto essa leitura é obrigatória para aqueles que gostam do gênero – literatura de época- e mais ainda para quem gosta de mocinhas fortes e espirituosas, e um mocinho forte e com uma vontade feroz. Vou adicionar palavras chave à minha análise: Limonada- monóculo- vicariato- Lago- Serpentine – Pombal. Tenho certeza que aqueles que lerem levando em consideração a minha indicação ao voltarem a essas palavras, entenderá os motivos para ressaltá-las. Este livro leva minhas cinco estrelas.
Às vezes o amor machuca, embora nunca deixe de ser amor.

¹ Émile Durkhein- Considerado por muitos como o grande fundador das Ciências Sociais. Émile Durkheim nasceu na França em 1858 e lá viveu até sua morte, em 1917. Diretamente influenciado pelo Positivismo de Auguste Comte, dedicou sua trajetória intelectual a elaborar uma ciência que possibilitasse o entendimento dos comportamentos coletivos. Segundo ele umas das etapas para a construção de uma teoria científica era a neutralidade de seu pesquisador.