Foto por Contra Capa | Resenha de Kika Oliveira

Título: A Rebelde do Deserto  | Série: A Rebelde do Deserto | Vol.01 
Autora: Alwyn Hamilton
Páginas: 283
Editora: Globo Alt |  Nota: ★★★★★ (4,5/5) 

SINOPSE: O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. 

Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. 

Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.




Ler um livro de fantasia é como embarcar em uma aventura na qual não é possível saber o que virá a cada passo. Dessa vez minha aventura foi com o livro ‘A Rebelde do Deserto’ de Alwyn Hamilton.

Com um enredo envolvente, cheio de cultura e folclore árabe a história de Amani Al’Hiza é mais uma daquelas histórias onde temos não apenas uma mocinha, mas sim uma heroína, cujo o destino já fora traçado a muito tempo para ela. Marcada pelas lembranças do passado e o medo de como pode ser seu futuro, seu único objetivo é fugir do destino inevitável que a espera se continuar vivendo na casa de seu tio, sendo assim, ela traça um plano para fugir de sua cidade e escrever a própria história. O que ela não imagina é que todos os seus planos seriam mudados graças a um forasteiro enigmático que surge em seu caminho.

Ele tinha desaparecido no deserto para começar uma rebelião e tomar o poder. Uma nova alvorada. Um novo deserto.

Jin é um jovem que aparece em Vila da poeira causando muita comoção e as circunstâncias que o envolve levam diretamente para o caminho de Amani. Graças a ela, ele ainda pôde ver o Sol nascer mais um dia e por causa desse breve encontro seus caminhos começam a se entrelaçar, até mais do que ele poderia imaginar. Ele deve sua vida a ela e no momento que decide pagar essa dívida uma parceria acaba sendo inevitável entre os dois e manter-se vivos deixa de ser a única coisa que passa pela mente de ambos.

As pessoas neste deserto deveriam ter um país que pertencesse a elas, não a um homem. Todos aqui vivem como se alguém ateasse fogo neles quando nascem. Tem tanta grandeza em Miraji, e tantos atos terríveis sendo cometidos pelo meu pai e pelos gallans. O povo merece algo melhor.

Esse casal nos proporcionam diálogos inteligentes e em muitos momentos, nos deixam com a respiração suspensa esperando para saber o que é que vem a seguir entre os dois. A forma como se relacionam, as verdades não ditas, as expressões e olhares que substituem palavras vão nos envolvendo cada vez mais e quando menos esperamos a torcida para que se tornem logo um casal é inevitável.

Não há “amor à primeira vista”, nem cenas de ciúmes e posse. O relacionamento deles cresce aos poucos, inicialmente não é nada além de uma parceria em busca da sobrevivência, depois vem o companheirismo e amizade e pôr fim a atração inevitável e o desejo de que as circunstâncias fossem outras. Eles trazem um para o outro uma nova forma de enxergar o mundo e a situação em que estão, um novo foco e objetivo para cada um.

E então veio aquele sorriso. Talvez eu tivesse olhos que me traíam, mas Jin com certeza tinha o tipo de sorriso capaz de converter impérios inteiros. O tipo de sorriso que me fazia sentir que o entendia direitinho, embora não soubesse nada sobre ele. O tipo de sorriso que me fazia sentir que éramos capazes de qualquer coisa juntos.

Amani amadurece muito no decorrer da história. Inicialmente conhecemos uma jovem desesperada para se ver livre de seu destino ao ponto de ser egoísta. Ela não vê necessidade de se preocupar com ninguém mais além dela e seu instinto de sobrevivência se sobressai aos breves momentos em que sua consciência tentar falar mais alto. Mas ao longo da história ela aprende que família é mais do que laços de sangue e que ter alguém com que se preocupar, por quem lutar e pra quem voltar são motivadores excelentes.

Uma nova alvorada. Um novo deserto.

Os personagens que surgem no caminho de Amani ao longo da história são interessantes e mesmo aqueles quando saem da história deixam suas marcas em nossa heroína, lhe deixando algum tipo de lição ou lembranças que a acompanham ao longo de sua jornada.


Sou fascinada por livros de fantasia que envolvam alguma cultura do mundo real e ao decorrer da história nos deparamos com diversos mitos desse povo que em muitos aspectos são tão diferentes de nós. As teorias de como o mundo fora criado, os tipos de seres místicos que possam existir em um outro plano. Tudo isso misturado a uma excelente escrita faz com que A Rebelde do Deserto seja um livro fascinante.